5 de mai. de 2011

Novo reitor da UFRJ fala sobre o projeto de levar os cursos de graduação para o Fundão

Novo reitor da UFRJ fala sobre o projeto de levar os cursos de graduação para o Fundão

Plantão | Publicada em 04/05/2011 às 09h14m

Estudantes da UFRJ entrevistando o novo reitor da UFRJ, Carlos Antônio Levi, no Laboratório de Tecnológica Oceânica, Fundão. Foto Simone Marinho / Agência O Globo

RIO - Caso seja ratificado como novo reitor da UFRJ pelo MEC (nos últimos anos, apenas uma vez a escolha da comunidade acadêmica não foi respeitada), Carlos Antônio Levi receberá em 1 de julho, das mãos do seu maior apoiador, Aloísio Teixeira, o desafio de dar novos rumos à maior universidade federal do Brasil. E, como esses rumos apontam para a Ilha do Fundão, para onde deve migrar boa parte dos cursos de graduação dos outros campi, a Megazine levou três estudantes de áreas diferentes e uma formanda do CAp-UFRJ para entrevistar o novo reitor no Laboratório de Tecnologia Oceânica, uma ilha de excelência da Coppe, bem distante dos problemas da Praia Vermelha, do Largo de São Francisco e do Campo de Santana.

PATRIMÔMIO EM RISCO:UFRJ admite que nenhum prédio da universidade tem seguro

Na entrevista, Levi percebeu que terá de lidar não só com questões como a recuperação da capela incendiada no Palácio Universitário e do prédio anexo de Serviço Social, cujo teto desabou por causa de cupins, mas com a insatisfação dos alunos. Veja como foi o papo.

Quais são seus planos para a Praia Vermelha? (Daniel Fraiha, 5 período de Jornalismo)

CARLOS LEVI: Você quer saber se eu quero transferir todo mundo à força? No médio e longo prazos, vamos buscar criar as condições para transferir as unidades que assim decidirem através de suas congregações, porque essa é a decisão do nosso Conselho Universitário (Consuni). Neste momento, abriu-se uma janela de oportunidades por conta dos recursos do Reuni, e a gente está em condições de construir alguns prédios. As obras da Faculdade de Educação, que já se decidiu pela sua transferência para cá, estão licitadas e devem ficar prontas em dois anos. A Faculdade de Administração e Ciências Contábeis também tomou essa decisão, bem como a decania do Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas.

Mas os alunos dessas unidades foram ouvidos? (Daniel)

LEVI: (Pausa e silêncio). Imagino que a congregação tenha a sua representação estudantil, e a lógica da decisão inclui essa participação. Não posso afirmar como se manifestaram as representações, se foram a favor ou contra. Mas acho que a transferência não vai afetar o aluno que hoje estuda nos outros campi.

O novo reitor da UFRJ, Carlos Antônio Levi, no Laboratório de Tecnológica Oceânica, Fundão. Foto Simone Marinho / Agência O Globo

Se toda a Praia Vermelha optar por vir, o que seria feito com o terreno? (Daniel)

LEVI: A ideia é construir um centro cultural, de convenções e eventos, ao qual o Canecão seria provavelmente incorporado. Mas isso ainda vai ser objeto de uma longa discussão. O Palácio Universitário, por todas as razões que a gente viu recentemente, é inadequado para os usos acadêmicos, por ser uma joia de arquitetura. Utilizá-lo para fins acadêmicos é um desgaste, uma depredação, incompatível com o patrimônio histórico e artístico que ele representa.

E quais as suas propostas para o IFCS, já que grande parte do Instituto de Ciências Sociais é contra a ida para o Fundão? (Diego Nemer, 7 período de Ciências Sociais)

LEVI: Se a comunidade do IFCS decidir ficar lá, vamos respeitar a decisão. O Instituto de História, ao contrário, já tomou a decisão de se transferir para o Fundão, e estamos comprometidos em buscar os recursos para viabilizar essa transferência. Como estamos empenhados em construir uma Cidade Universitária, os investimentos em instalações permanentes vão ser priorizados aqui. Isso não significa que deixarão de ser atendidas as necessidades de conservação das atuais instalações.

Há previsão de ampliação do alojamento, de bolsas de assistência estudantil e da oferta de refeições no bandejão para atender essa nova demanda? (Heloísa Calazans, 8 período de Medicina)

LEVI: Temos uma cozinha industrial, que está em fase final de instalação e deve começar a operar em breve. Vai ser licitada uma empresa responsável pela produção da alimentação lá dentro. A incorporação de novos restaurantes-satélites é o que interessa, e o do Centro de Tecnologia deve entrar em operação em breve. Em relação ao alojamento, deve começar a obra de construção do prédio de residências dos universitários numa área central, ao lado do prédio de Física, com 260 novas unidades e restaurante no térreo. Também já avançado o detalhamento do projeto para uma reforma bem ampla do prédio atual dos alojamentos e de um novo prédio na área da faculdade de letras. Por fim, com a nova lógica de acesso à universidade, com reserva de 20% a alunos da rede pública, há um compromisso institucional para garantir de maneira plena bolsas de permanência e inclusão digital.

Sabendo que o CAp é uma escola pública de excelência e laboratório para a UFRJ, mas que eu corro risco de não ver toda a matéria para o Enem porque os professores estão em greve de forma justa, já que 28% não receberam salário este ano, o que senhor pretende fazer para que isso não se repita? (Marina Costa, 3 ano do CAp)

LEVI: Todo o empenho já vem sendo feito para tentar resolver essa dificuldade e garantir a incorporação de professores permanentes do quadro docente do CAp. A dificuldade é que todo o programa de reestruturação e expansão do governo foi feito para professores universitário, e não foi contemplada nenhuma cláusula que incluísse professores do ensino médio.

Estudantes da UFRJ entrevistando o novo reitor da UFRJ, Carlos Antônio Levi, no Laboratório de Tecnológica Oceânica, Fundão. Foto Simone Marinho / Agência O Globo

E isso vai ser feito? (Marina)

LEVI: Há duas linhas de atuação possíveis: uma é garantir a equivalência do professor do CAp com o professor do 3 grau, beneficiando-os com todos os direitos e oportunidades que são garantidos a estes; a outra é ampliar o quadro de professores de ensino médio para completar as necessidades atuais e futuras do nosso CAp. Em relação à falta de pagamento durante estes três meses, é uma decisão que transcende a nossa capacidade de interferência direta e se deve a uma decisão do Ministério do Planejamento, contra a qual a universidade não pode adotar nenhuma providência. Para minimizar os prejuízos, a administração da UFRJ tentou pagá-los através de uma folha de terceirizados enquanto a situação não se resolve.

Qual o futuro do HU? (Heloísa)

LEVI: Sou otimista em relação à situação atual, pois há indícios de que finalmente há um programa semelhante ao Reuni para a recuperação e a expansão dos hospitais das universidades federais, que pretende aportar recursos para garantir a plena recuperação dessas unidades. Há um horizonte de médio prazo de interação e revitalização dos HUs, e a UFRJ não vai perder essa oportunidade de recuperar os seus. Além disso, a administração central irá se empenhar, e eu assumo, desde já, o compromisso de aportar recursos, obviamente de forma limitada por parte do orçamento próprio, para a recuperação do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho.


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/educacao/mat/2011/05/04/novo-reitor-da-ufrj-fala-sobre-projeto-de-levar-os-cursos-de-graduacao-para-fundao-924380689.asp#ixzz1LWOh5bEp
© 1996 - 2011. Todos os direitos reservados a Infoglobo Comunicação e Participações S.A.

Link para a matéria: http://oglobo.globo.com/educacao/mat/2011/05/04/novo-reitor-da-ufrj-fala-sobre-projeto-de-levar-os-cursos-de-graduacao-para-fundao-924380689.asp

Nenhum comentário:

Postar um comentário